3.3.05

Dia ruim

Escolha uma data qualquer. Escolheu? Então, foi nessa data que eu comecei a sentir um desejo estranho. Eu queria ser diferente sem ser esquisita e queria ser aceita, mas sem precisar ficar puxando o saco das pessoas. E eu era honesta o suficiente pra achar que esse pensamento valia o espaço que ocupava nos meus pensamentos.
Não, nem adianta tentar lembrar quem é que começou com essa história de que a gente tem que ser original. Eu posso parar pra pensar em várias teorias, todas muito boas, mas que só me fariam perder o pouco tempo que eu não tenho antes de deixar fugir o lapso de lucidez de novo.
O espelho reflete não só os narcisos, e olhar pra si e adentro é ruim de se fazer voluntariamente... Tanto mais pra quem ouvindo na letra “mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente” se imaginava usando o espelho como um retrovisor! Às vezes é preciso colar pelo reflexo dos outros, e foi numa dessas olhadelas furtivas que eu finalmente vi o meu reflexo cru, e doloridamente banal.
Eu não existo como eu me imagino e não tenho nada além do que eu nem sei o que... nem verdades, nem amizades, nem falsidades... uma casca mal acabada e muita, muita, toneladas de pretensão.

Nenhum comentário: