10.12.05

Minha pequena indagadora

Manhê, o papai do céu tem boca? Eu perguntei uma coisinha pra ele e ele não me respondeu até agora!

8.12.05

Imagem


"You may say i'm a dreamer. But i'm not the only one"

É sempre essa que me vem à mente, quando penso em John Lennon.

6.12.05

Antes do Temporal

O mundo e a rua movimentada através da lente do copo meio vazio de cerveja e vida estão quase de ponta cabeça, pois a cabeça dele pende sobre o balcão do bar, enquanto observa as vagas linhas na palma da sua mão direita, seca. Ele não tem relógio, mas sabe que é hora.

As pessoas que passam apressadamente na calçada levam com elas o pouco ar respirável daquele final de tarde abafado e ele traga o calor, a poeira, a fuligem e a certeza. Nuvens de chuva fecham o palco azul do céu e ele espera pelo gran finale. A vida toda foi uma espera, afinal.

Descola o rosto do balcão e de um passo entra no fluxo da calçada, agora quase vazia. Seus olhos não procuram mais que as pedras sujas abaixo deles e ele já não pensa mais no desespero de ontem, não se lembra mais de casa, não sabe mais o que é o calor de um abraço, não tem nem mesmo num canto escondido da memória a memória de um dia ter sentido algo que pudesse ser nomeado amor, mas continua. Seu caminhar tem o compasso de um coração.

A rua fica pra trás e o morro à frente, e atrás de cada poste, atrás de cada muro, atrás de cada esquina tem uma nuvem. Cada passo é um segundo a mais de mundo, de espera, de mais. Antes do temporal.

8.11.05

Isa

Eu podia ter falado muita coisa ontem, a respeito do aniversário de 4 anos da minha pequena. Podia ter me derramado em clichês honestos sobre como a gente revive aqueles momentos passados e a força deles.

Acontece que ontem eu escolhi não fazer nada disso.

Só de me desviar de tantas notícias ruins e tantos possíveis e reais tormentos do cotidiano eu já fiquei feliz.

Fiquei porque não me comprometi a fazer mais do que podia e aceitei o fato de que não tinha muito a oferecer a ela além é claro do meu imenso amor, meu infinito carinho, minha finita porém extensa paciência, muitos beijinhos e um parabéns com vovó e vovô, conseguido à custa de alguma negociação, já que a menina queria economizar as velas pra festa do fim de semana.

Tá certa mesmo, a gente não tem que sair por aí soprando muita vela, não. Vai que o ano passa mais rápido ainda, né?

1.11.05

Pai

Dos guardados da memória e da caixinha de fotos, de um dia dos pais longíquo:




"Papai, conte para mim um pouco da sua vida hoje.

Hoje em dia, levanto cedo junto com a sua mãe, para ajudá-la a acordar você e seus irmãos e aprontá-los para ir para a escola.

Depois vou para o meu trabalho executar minhas tarefas diárias e ao meio dia venho esperar você e seus irmãos para almoçarmos todos juntos. Durante a tarde termino as tarefas do dia e volto para casa para ajudar você e seus irmãos nas lições de casa ou outras tarefas. Como você pode notar a minha vida hoje em dia se resume em trabalhar e ajudar você e seus irmãos em casa."

Necessidade

Gente, eu preciso, preciso muito ler O Nome da Cousa.



Tenho certeza que você também vai querer! Acontece que por um absurdo daqueles que a gente não entende como é que pode, o livro ainda não foi publicado por nenhuma editora. Então a Fal, essa escritora genial, agora tá em busca de independência... mas como a independência não sai de graça, ela tá orçando gráficas e correndo atrás disso.
Então encomenda já na pré-venda pra gantir! Não perca tempo.
Na pré-venda o livro vai custar R$25,00. Escreve pra Fal no livronovodafal@gmail.com e diz quantos livros você vai querer e lembra que o quanto antes ela conseguir publicar, melhor. Afinal de contas o Natal já tá aí, olha que presente MARAVILHOSO!

Inspiração

Ela não vem só com o ar pra dentro de mim. Vem com sentimentos, segredos, idéias, palavras novas e novos conceitos...

Ou como começou uma Frida: A internet é mesmo incrível. estava procurando uma coisa, achei outra.

:o)

24.10.05

Nos olhos



(O Falso Espelho, René Magritte)
Debruça-se a alma neles, trazendo para si o mundo.
Afinal, janelas são feitas pra se olhar de dentro pra fora.
Mas de fora pra dentro o que poderia se ver?
O que diriam hoje?
Se eu pudesse observar através desse olhar
eu diria que há muitas e carregadas nuvens.
Sim, hoje chove dentro.
Dentro do meu país.


11.10.05

O homem que ressoa

“Tudo ressoa, mal se rompe o equilíbrio das coisas. As árvores e as ervas são silenciosas: se o vento as agita, elas ressoam. A água está silenciosa: o ar a move, e ela ressoa. As ondas mugem: é que algo as oprime. A cascata se precipita: é porque lhe falta o solo. O lago ferve: algo o aquece. Os metais e as pedras são mudos, mas ressoam quando algo os golpeia. Assim também o homem. Se fala, é porque não pode conter-se. Se se emociona, canta. Se sofre, lamenta-se. Tudo o que sai de sua boca em forma de som se deve a um rompimento do seu equilíbrio... A palavra é o mais perfeito dos sons humanos; a literatura, por sua vez, é a mais perfeita forma de palavra. E assim, quando o equilíbrio se rompe, o céu escolhe entre os homens os que são mais sensíveis e os faz ressoarem.”


Texto do poeta chinês Han Yu, lembrado por João Silvério Trevisan no seu livro Pedaço de Mim.

3.10.05

Anular


Não-menta pra mim
A gente nunca já não foi assim
há séculos perdidos no futuro
sentados sob os móveis do passado
de costas pros nossos próprios muros
ignorando que a lua
às vezes encobre o sol...

Desejos

Concierto de Aranjuez e Máquina de fazer Yogurte (de preferência com manual de instruções para fiascos culinários como eu)...

Abra os olhos...

... e não "Veja".
Olhe e leia com muita atenção, isso SIM, o que essas pessoas nesses links têm a dizer sobre o Referendo do dia 23 de outubro!

15.9.05

Luva

enchantagem  


de tanto não fazer nada

acabo de ser culpado de tudo


esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos

suspeito

de ser verbo sem sujeito


pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário

custe o que custar
deseja
quem quer que seja

tem calendário de tristezas

celebrar


tanto evitar o inevitável

in vino veritas

me parece
verdade

o pau na vida

o vinagre
vinho suave

pense e te pareça

senão eu te invento por toda a eternidade



É dele, claro. E encaixa, uns dias mais apertada que outros.


Iris

Fui dormir com essa música ecoando na cabeça, mas me marcou principalmente

"Yeah you bleed just to know you're alive"

E realmente, eu muitas vezes vivo tão presa dos meus pensamentos e idéias que pareço não estar no meu corpo. Preciso de um chacoalhão, "sangrar" só pra saber se eu estou realmente viva ou se sou apenas um sonho.
Cair das nuvens e tocar o chão. Ou se esborrachar nele.
Nem sempre é suave, mas a areia sob os pés pode ser a um só tempo áspera e fofa.

9.9.05

A Ciranda

Entrei na roda pelas mãos das Fridas queridas e me encantei com a dança da minha xará e da doce Fefê e resolvi rodar também:

Ainda não aprendi a costurar, nem a bordar, nem tricotar, nem fuxicar. Sei fazer o crochezinho básico que a vovó me ensinou, adoro trabalhos manuais, pintura, desenho, mas só trabalho com as mãos de verdade no teclado e no mouse do computador. Aí eu até pinto e bordo! Não sei tocar nenhum instrumento, mas adoro ouvir música. Não sei cantar, mas canto no chuveiro assim mesmo. Quero aprender a fotografar pra parar de fotografar só com a mente. Ler e escrever são necessidades básicas da minha vida, desde sempre. Adoro tudo que é tecnologia, desde a roda até Ipods, respeitando a utilidade e o tempo de cada um. Cultuo diários, agendas e cadernos, não recebo cartas quase nunca, escrevo, mas acabo não postando e tenho certeza que fica um pouco da gente na letra e no papel. Amo. Pessoas, animais, árvores, lugares e épocas. Moro perto de água, não de mar, e um dia ainda quero morar, mas saboreio o meu ambiente, por inteiro. Tenho alma de magra em corpo obeso. Boa de garfo, nem tanto no fogão. Sou tolerante, menos com quem não é. Pago mais do que devo, mas continuo devendo. Tenho prazer em presentear e surpreender e preciso receber pelo menos um sorriso em troca, pra não doer. Sei chorar, mas não sei pedir. Não gosto de cobrar nem de cobranças, simplesmente aceito o que me é oferecido, o que muitas vezes é problemático. Só mordo quem eu amo muito. Nem sempre termino o que começo, então já tô feliz de terminar esse post!

Linha do tempo

"Mas, mamãe, eu não quero ser diferente. Só quero ser igual a todo mundo!" (5 anos)

"Todo mundo é muito igual. Eu quero ser diferente." (13 anos)

Você é igual a todo mundo, só quer ser diferente...

8.9.05

Post its

Rir. Mudar a dimensão das coisas. Tornar um problema menor e uma felicidade maior. Rir de mim mesma, e não fugir. Não fugir. Não pensar em cabelos que crescem ao toque dos dedos, em bocas que se enchem automaticamente de creme de chantilly mágico, em mãos que acariciam toda a paisagem, da maciez da rural à aspereza da urbana, na dança maluca que a vida tem ao som da sua própria trilha. Não dormir pra fugir. Dormir pra dormir. Não dormir só pra sonhar. Não sonhar só com abraços de Judas, nem com cobras e aranhas. Não sonhar com afogamento, nem afogamento em pilhas de contas. Não sonhar mais que viver.

15.8.05

A máscara


Eu apresento a página branca.

Contra:

Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto, do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto coloca na garrafa para diluir o whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras.

Eu apresento a página branca.

A árvore sem sementes.

O vidro sem nada na frente.

Contra a água.

(Arnaldo Antunes)



5.8.05

Íntimo e Pessoal


Essa sou, na pessoa do meu bisavô João. Meu biso querido, que eu nunca conheci mas está sempre por perto...

27.7.05

Pergunte...

... by fakestar

De novo aquela lembrança dela falando que eu poderia ser tudo o que eu quisesse, só que desta vez não veio embrulhada pra presente.
Ao contrário, veio nua como um espinho automaticamente enviesado na alma e quanto mais eu me mexo mais doí.

Sim, eu ainda posso ser tudo o que eu quero!

Mas o que é mesmo que eu quero?

21.7.05

Férias

* Tô ficando cansada de brincar de casinha...

* Isa, a caçula, depois de uma ordem da mamãe:
_ Ai que chato... mandar é uma coisa que prende.

* Giulia, a mais velha:
_ Eu amo a minha vida, mamãe. Adoro a nossa rotina...
(Isso me proporcionou uma rara fagulha de lucidez quando me peguei fazendo a mesma cara que a minha mãe para uma observação desse tipo: ahh, então era isso que ela pensava!)

* Angelo, o do meio:
...
(dormindo no sofá)

18.7.05

Dali por aqui


Sonhei que dois olhinhos brotavam do meu polegar, e sem dar muita atenção pra coisa, ia tocando a vida até me dar conta que da ponta do dedão uma linda cabeça de bebê tinha brotado! E não sei porque, mas eu tinha uma certeza inabalável de que um bebê inteirinho sairia dali...

13.7.05

Coisas que a gente se esquece de dizer...

O sol do lado direito, na cabeça, nos olhos... pintando a tarde de laranja...

E ela pisando fundo no acelerador, cortando distâncias, unindo linhas... batendo ponto...

Seu coração apressado, inquieto, aflito... parando na boca...

O ipê em pé, impávido, rosa e ali parado... testemunha...

Uma música na ponta dos dedos, na ponta da língua, no alto da cabeça... no meio do coração...

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

(Obrigada pela chave, xará!)

6.7.05

Boca seca

Aqui entre nós, e bem baixinho, pra ninguém ouvir...
De dias como esse é que eu tiro a vontade de dobrar a folha do tempo e ser eu mesma em outro momento. E nesse passado, a limpo, eu teria vivido tudo o que eu vivi e muito mais. Se amizades fossem lagoas, gostaria de ter mergulhado em muitas mais. Muitas que secaram antes mesmo que eu agitasse sua superfície com um sopro... Alguns olhares furtivos e curiosos, instantâneos de reconhecimento, nunca mais repetidos.

De repente me deu uma sede...

5.7.05

Descobertas...

© Maurice Sendak from WWTA (Where the Wild Things Are)

Deliciosas!
A imagem acima e sua respectiva fonte e onde ela estava postada.
Agora sou mais feliz, tenho Dias com Árvores ;o)

28.6.05

Adivinha!

Mãos nas mãos atrás das costas, olhos fechados, a bocona aberta na espera incerta da surpresa certa, a língua imaginando o doce, o corpo todo querendo se suspender na ponta dos pés, já meio bambo.


É assim que a vida me parece, muitas vezes.

Há dias em que ela me dá uma colherada de doce e noutros, uma colherada de fel.

Alguns dias eu engulo com prazer, outros eu quero mais é cuspir!

22.6.05

Para Mila

Um dia eu junto coragem pra te mandar uma cartinha, pode ser até num papel de carta cheiroso, daqueles com a anjinha dentro da estrelinha, que você gostava tanto...

Um dia eu deixo as lembranças escorrerem da cabeça pelos dedos até parar na tela do computador, quase que sem interrupção, e definitivamente sem tradução e nem revisão...

Um dia eu te conto, e pode ser ao vivo, se a gente conseguir se encontrar numa ilha do nosso tempo-espaço, que eu tenho por você uma admiração tão grande, um amor tão profundo, puro e verdadeiro, que eu sinto você, minha irmã siamesa de alma...

Um dia eu vou ouvir sua risada e novo e quem sabe a gente possa rever todos os nossos planos e renovar algumas promessas feitas, e eu prometo que dessa vez não deixo passar a chance de te dizer que a sua amizade era a coisa mais querida que eu tinha, que as coisas que você falava ecoam em mim até hoje e eu sou feita delas.

Um dia será hoje.

Um dia seremos de novo uma...

Dupla!

14.6.05

Ê boi... Ê boiada!

O que será preciso para entender que uma fase acabou e que a mudança é inevitável?
Será que é preciso tropeçar nas pegadas para constatar que os pés não cabem mais ali?
É preciso se libertar do cabresto da rotina?
Há que seguir o pastor?

Abre a porteira do coração!

11.6.05

E a banda passou....

Eu tava a toa na vida
minha filha me chamou
pra perguntar como foi
o meu primeiro beijo de amor...


A minha tarde perdida
diluiu-se na cor
das lembranças cálidas
que aquele beijo plantou.

Obrigada, querida.

29.5.05

Visita

Dez anos depois. Folha do 1º de janeiro da agenda de 90. Caneta rosa. Meia luz. O fluxo...

Estar aqui significa muito pra mim. Foi aqui que eu fechei uma porta e abri uma janela. E eu não olhei pra ver o que estava me esperando na volta, eu só... pulei.

Em meio a todas as coisas, sapatos 36, bichos de pelúcia e recortes de revista, que não são mais meus, eu encontrei também vestígios, ricos vestígios, pistas do que eu deixei pra trás quando resolvi pular pela janela. Não, eu não sou mais capaz de abrir a janela sem fazer barulho, agora é só um olhar que ela grita, pra mim!

Mas nem sempre foi desse jeito...

A vista do lado de fora era tão tentadora naqueles dias. Era a noite, com a lua e todas as suas estrelas sorrindo pra mim e me fazendo pensar em promessas, sonhos, jamais realizados. Era a grama molhada e o perfume, mas que perfume de rua, rua molhada quase seca. E olhar pra essas letras, que vão tomando uma forma própria é a melhor maneira de acreditar que tudo existiu realmente e aconteceu na minha vida.

Transpor barreiras, vencer etapas até chegar aonde se quer chegar. Tudo fica mais fácil quando um pedido é feito a uma estrela. A primeira da noite. E quantas vezes esse pedido foi feito! Decorá-lo era minha diversão favorita de então, quando lá vinha a estrela, o pedido já estava na ponta da língua, da mente. Pronunciar, fazer a voz ser ouvida, isso jamais. Pedidos são segredos e não se abre mão de segredos. Principalmente se forem tão queridos e afagados quanto os meus.

Saudade daqueles dias, em que tudo o que você faz vira história pra contar. Olhando assim de longe, nada mudou. Tudo mudou.

Porque não somos capazes de aprender a esquecer, porque não acreditamos que ao olhar o passado viraremos estátuas de sal...

Que sede! Sede de viver, viver! Com muito amor.

21.5.05

Listinha de coisas que gosto de ouvir *...

Da minha filhinha:

  • Essa maçã tá muito escura, mãe. Não tem uma mais acesa?
  • Eu não tava com fome. Tava com saudade de comer!
  • Fala mais alto, ce ta falando muito embaixo...
  • Ô tia da minha prima, vem cá.
  • Depois que eu fizer 5 anos, faço 1 de novo e aí eu viro bebê outra vez, né?

* Autor original do título e "muso" desse post: Calendas

13.5.05

Silêncio

Apago as palavras erradas, procuro as frases certas, mas nada serve hoje.

O silêncio se materializou na minha alma e eu o afaguei e alimentei, por isso ele cresceu tanto.

Ele me isola e me afasta, mas tenho a consciência de que muitas vezes também me protege. Muitas vezes, de mim mesma.

3.5.05

Proverbial Sabedoria

Como quem não tem o que fazer, inventa, achei por bem retocar umas coisinhas aqui e ali nesses provérbios:


- Se conselho fosse bom... esse provérbio já teria caído em desuso.

- Mais vale um bom provérbio na boca do que dois minutos de silêncio voando.

- Quem com provérbio fere, com provérbio será ferido.

- Amanhã é outro provérbio.


E o irretocável:

- Bacalhau quer alho.

2.5.05

Clotilde

Está tudo lá, que eu sei. Não me perguntem como, mas eu sei... A alameda de carvalhos e sobreiros, as casas de pedra atrás do riacho, a fonte com a melhor água da região e a ruazinha estreita e torta que acolhe uma portinha azul, com postigo, sim senhor.

E se alguém ali bater, há de vê-la aparecer pela pequena janela, e por certo há de ser recebido por ela, que agora não se veste mais de encarnado. Como uma moura, traz um lenço negro na cabeça atado ao queixo, e mesmo sob o escaldante sol do verão resignadamente enverga o luto pelo nosso amado José.

Mas espia com atenção, porque ainda hás de ver um brilho em seus olhos. Ela o convidará a entrar para um golito de vinho e com alguma sorte estará partindo um pão quentinho. Não qualquer um, mas o melhor, mais redondo e cheiroso pão já devorado por um mortal. Aceita, e aproveita para sorver com os olhos, os poros e a alma tudo o que lhe for ofertado. Olha que casica mais linda, e repara no fuso perto da escada, por onde surge um gordo novelo de lã enegrecida. Olha que lindos pratos ela tem nas paredes amareladas, e como a cor ainda fala no chão e faz seu caminho até o lume. Então enche os pulmões por mim, com o aroma da marmelada no tacho e os chouriços que pendem do teto.

Escuta suas histórias e acima de tudo, pensa em mim, quando ela abrir as portas de madeira do pequeno recinto para lhe mostrar o seu maior tesouro: um bezerrinho, acabadinho de nascer.

Leva até ela o meu abraço e o meu amor eterno...

27.4.05

Consciência

Quando olhei ao meu redor só enxerguei o escuro denso do medo, feito de uma teia de ignorância, que aos poucos com lampejos de verdade fui reconhecendo, tateando e mapeando.
Ali está a escuridão, ali está o medo... eu aposto, conheço e reconheço.
E ainda tenho medo, mas o medo não me tem mais...

"when i allow it to be
there's no control over me
i have my fears
but they do not have me "

(Darkness - Peter Gabriel)

21.4.05

De olhos fechados...

Aperto com força, a água surge por todos os cantos da boca, e devagarinho a bala amacia, cede e explode num gosto agudo de canela.
Sento-me no degrau mais alto da escada e deixo que o vento me atravesse a alma, acaricie meu rosto de passagem e deixe um leve arrepio de lembrança. Deixo que entre pela boca, junto com o aroma da manjerona fresca que balança no jardim, e saboreio dente por dente, num passeio interno.
A garoa começa a cair carinhosamente e acorda a terra pra brincar. E brincam de perfumar o ar, e o ar carrega consigo todos os perfumes que eu havia perdido no tempo do meu crescer.
Eu tiro os sapatos e sinto o chão, ansiando pela terra. E volto pra casa.

14.4.05

Diacionário

Sonolenta,
Lasciva e
Preguiçosa.
Faminta,
Saciada e
Espaçosa.
Tolerante,
Apressada e
Cheirosa.
Impaciente,
Exigente e
Criteriosa.
Impulsiva,
Compulsiva e
Escandalosa.
Inconformada,
Conformada e
Manhosa.
Maternal,
Liberal e
Voluntariosa.
Roxa,
Bege e
Cor-de-rosa!

13.4.05

Simples Assim

Liberdade é saber que existem escolhas e lidar com elas. Me fascina pensar que a cada segundo temos o tudo e o nada na mão sob a forma das nossas escolhas e ainda assim a gente vive escolhendo o caminho mais azedo, quando existem outros tão doces...
A vida pode ser um saco, é só a gente querer.

12.4.05

Dois Mil e Um

Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia

Eu quase posso falar
A minha vida é que grita
Emprenha se reproduz
Na velocidade da luz
A cor do sol me compõe
O mar azul me dissolve
A equação me propõe
Computador me resolve

Amei a velocidade
Casei com 7 planetas
Por filho, cor e espaço
Não me tenho nem me faço
A rota do ano-luz
Calculo dentro do passo
Minha dor é cicatriz
Minha morte não me quis

Nos braços de 2.000 anos
Eu nasci sem ter idade
Sou casado sou solteiro
Sou baiano e estrangeiro
Meu sangue é de gasolina
Correndo não tenho mágoa
Meu peito é de sal de fruta
Fervendo num copo d'água


(Rita Lee e Tom Zé)

* Ah, eu sou mutante! Ah, eu sou mutante!

9.4.05

Paralelas

Atrás dele se sentam duas mulheres de meia idade, que ao passar arrastando sacolas cheias quase levam seu violino junto. Ele segura a preciosa caixa junto ao peito e se espreme um pouco mais no assento solitário. Aos poucos os lugares vão sendo ocupados e então ele vê a pequena figura pela primeira vez na vida.
Ele a analisa sem pressa, uma vez que ela se senta um pouco mais à frente, a viagem será longa, a tarde de maio está ensolaradamente fria e ele encontra alguma semelhança entre eles, já que parecem ser as únicas crianças dentro do ônibus parado no ponto final. Seu olhar encontra os pés dela embaixo do outro assento solitário e ele sorri ao ver a meia calça cor-de-rosa enfiada em sandálias de plástico roxo. A cabeça pende sonolenta para o lado e o cabelo fino e loiro se esparrama graciosamente pelo encosto do banco vermelho.
O ônibus começa a andar e ela parece acordar assustada, então se vira para ter uma visão panorâmica de todo o interior do veículo e seu olhar encontra o dele por um segundo, e por um segundo alguma coisa parece familiar, quase como se estivessem se olhando no espelho.
A viagem continua e o ritmo o embala num sono quase palpável, pegajoso. Ele esfrega as faces coradas e quase derruba o instrumento do colo, atrapalhado. Olha para frente e encontra o assento vazio.

Os dias haviam se passado e agora ele, já acostumado com a presença dela, aproveita as viagens explorando os outros personagens. Não, nunca lhe ocorreu perguntar pra onde ia e seu nome. Primeiro porque ele já sabe que ela vai fazer ballet, segundo porque... o nome, o que ele faria com essa informação? Ela é uma certeza.

Algumas vezes eles se encontram frente a frente, mas jamais se falaram e ele cada vez mais acha interessante nem se falarem. É porque de alguma maneira eles parecem se comunicar com alguns poucos olhares e detalhes. Como na vez em que o ônibus quebrou no meio do caminho e ela atravessou na frente dele, apressada em pegar o outro pra não perder hora. Ou quando ela cochilou e perdeu o ponto e acabou descendo no mesmo ponto que ele, e o seguiu, tímida e disfarçadamente, como se ele não soubesse que ela estava entre perdida e curiosa.

Ele já não pega mais aquele ônibus, mas ainda outro dia encontrou com ela na banca de jornal, na padaria, na rodoviária, no metrô... em outra cidade, com outras pessoas, com o marido dela, com a sua esposa. Várias cenas. Vidas. Paralelas. Linhas retas que nunca se cruzam. Ou se cruzam no infinito?

8.4.05

Força da Natureza

Ar com ar o que é que dá?

O AR (O VENTO)
Toquinho, Bacalov e Vinícius de Moraes

Estou vivo mas não tenho corpo.
Por isso é que não tenho forma.
Peso eu também não tenho.
Não tenho cor.

Quando sou fraco
Me chamo brisa.
E se assobio,
Isso é comum.
Quando sou forte,
Me chamo vento.
Quando sou cheiro,
Me chamo pum!

--------
Muito prazer! ;)

5.4.05

Re-Encontro

A plataforma 7 foi fiel em me esperar, mesmo depois de 12 anos, e achei que a casca do Cometa continuava a mesma, apesar do interior ter recebido algumas pequenas modificações. A napa lisa e calorenta foi trocada por uma rugosa, mais macia, e da mesma cor. Procurei à minha volta mas não tive sucesso em encontrar o cinto de segurança, que era obrigatório, segundo um aviso colado embaixo da janela. Talvez estivesse em algum compartimento secreto acima da minha cabeça, mas tão secreto que eu não fui capaz de encontrar.
O roteiro? O mesmo. Mesma estrada, mesmo destino: São Paulo. Não senti o tempo passar. A cabeça a mil e a leitura, que estava boa demais!
Desci e fui recebida pela música. Não qualquer uma, é claro. Tinha que ser uma que combinasse com a alegria que me invadiu. Saltitei com os sapatos novos, como se eles fossem velhos e como se eu ainda tivesse mil viagens a menos. No meio do corredor, em direção ao metrô, vi dois fantasmas adolescentes se encontrando e cada passo adiante era um passo em direção ao passado.
Dentro do trem eu sorria, infantil. Escolhi um canto estratégico no fundo e acompanhei com olhos arregalados a viagem. Lembrei-me do desejo de tocar a parede na velocidade do vagão, inconformada por ninguém ter tido a mesma e brilhante idéia que eu, de decorar as paredes com desenhos formando um grande desenho animado.
Fui até o fim da linha, literalmente. E de lá até o começo do Encontro. Não podia ter havido nome melhor para aquele momento e para o depois. Encontrei o futuro do meu filho e a futura filha de uma nova velha amiga, ainda esperando sua hora de estrear no mundo.
E depois de tudo isso ainda ganhei de presente uma noite estrelada...
Felicidade.

4.4.05

1.4.05

Dia, bom...

Hum, hoje acordei sacudindo os sonhos dos meus cabelos e a primeira coisa que vi, no olho da minha mente (e não sei porque não se diz assim aqui, acho tão bonito) foi essa poesia deliciosa!


Awake.
Shake dreams from your hair
My pretty child, my sweet one.
Choose the day and choose the sign of your day
The day’s divinity
First thing you see.

A vast radiant beach in a cool jeweled moon
Couples naked race down by it’s quiet side
And we laugh like soft, mad children
Smug in the wooly cotton brains of infancy
The music and voices are all around us.

Choose they croon the ancient ones
The time has come again
Choose now, they croon
Beneath the moon
Beside an ancient lake

Enter again the sweet forest
Enter the hot dream
Come with us
Everything is broken up and dances.
(Ghost Song - J. Morrison)

Não é porque hoje é primeiro de abril...

... mas adoro assistir comerciais.
Principalmente quando eles não estão no meio dos programas!

30.3.05

Olhiaberta de emoção...

Encontrei por acaso um livro que desejava muito reler, e foi gostoso demais perceber, hoje, o quanto ele me influenciou. Quantas palavras novas ele me trouxe, e idéias também! Posso dizer, sem medo de estar exagerando, que se não fosse por ele eu não seria o que sou hoje, porque ele foi um tijolinho nessa minha construção.
E quantos livros que vocês conhecem começam assim?
“_ Ô, mãe, se a gente falasse pelos olhos e olhasse pela boca, o que será que ia acontecer?
- Ora, menina...
- Já sei! A gente ia ficar olhiaberto quando tivesse uma surpresa e boquifechado quando quisesse dormir. Ou boquiaberto, se quiser dormir de boca aberta, é claro. A gente ia sorrir de dois lados e chorar de um só. Ia ficar com a boca marejada de lágrimas, de vez em quando. A gente ia ter uma menina da boca e um céu pra cada olho. E você já pensou num olho banguela,ou na sobrancelha da boca? Ou mesmo numa boca com cílios postiços ou então com óculos? Ia ser muito engraçado, hein?”
( Se... Será, Serafina?, de Cristina Porto)

13.3.05

Tiquina

Tia, como tantas outras mães de Malhadas, de Miranda, de Trás-os-Montes. Maria Joaquina, Quina... Ti'Quina, Tiquina de Malhadas. Minha avó é essa mulher, que nasceu num dia 18 de 1918, inverno aquecido pela festa que celebrou seu nascimento. Por falta de testemunha ocular, acreditamos como se estívessemos estado lá quando ela nos conta, com toda a sua alegria, que no dia em que nasceu a festa estava tão boa que ela teve que participar, levada pelo pai!
Talvez por isso ela sempre tenha sido essa pessoa que tantos amam, uma mulher tão feliz e tão jovial, que adora contar as tantas peripécias que aprontava já desde pequena.
Preparo-me pra gravar todas as suas histórias e vou me lembrando de muitas coisas sobre ela... Lembro-me de quando eu ainda a estava conhecendo, criança.
Ela era “só” a vó Maria, aquela que morava loooonge, e que me fazia rir e me respondia que aquilo tudo o que eu estava ouvindo tinha acontecido quando eu ainda estava em Paris. E por quanto tempo eu acreditei nisso! Até o dia em que entendi finalmente a expressão completa... na verdade, eu ainda estava era “no cu dos franceses” aguardando a minha vez de nascer... mas que lugarzinho, não?
Fiquei feliz de ter saído de lá para os braços da minha avó nos domingos paulistanos regados a bacalhoada, sardinha na brasa, e o franguinho “das crianças”, o macarrão e o indefectível “pudinho”, quando não a minha sobremesa favorita: o arroz de festa!
Domingo, então, não era apenas um dia, era um ritual! E começava logo cedo, afinal de contas a gente morava longe, e a uma hora em que percorremos hoje os mesmos 100km naquele tempo durava muito mais. Pelo menos, na minha cabeça...
A ansiedade era tanta pra começar a ver as pipas coloridas no céu e o pico do Jaraguá que se desenhava ao longe naqueles tempos de céus ainda pouco maculados pela poluição, que eu ia gravando cada árvore no caminho e conversava com a faixa branca da estrada pra me garantir de que estávamos mesmo no caminho certo.
Passeávamos pela Lapa, Minhocão, Liberdade e chegávamos na querida Aclimação. Mas o último pedaço de rua antes de entrar na vila quase que nunca eu via, escondida que ficava naquele buraco áspero que alguns tinham a coragem de chamar de bagageiro. Isso tudo pra chegar na casa da avó e ouvi-la dizer “as crianças não vieram?” e dizer:
SURPRESA!!!

Sinapse

Minhas mãos segurando a sua direita, enquanto assistíamos O Meu Pé Esquerdo.

10.3.05

Era uma vez...

Eu só presto mesmo pra começar as coisas, até 'of aftros' me dizem isso e por ironia do destino eu já fui a professora carrasca que ensinava às pobres vitimas, seus aluninhos, que toda história tinha que ter começo meio e fim, na peça "A Menina Bola"...
A fala era:
_ Começo: Era uma vez;
Meio: Aí então e
Fim: Viveram felizes para Sempre!
Acho que eu não tô ainda nem no "aí então"!

3.3.05

Dia ruim

Escolha uma data qualquer. Escolheu? Então, foi nessa data que eu comecei a sentir um desejo estranho. Eu queria ser diferente sem ser esquisita e queria ser aceita, mas sem precisar ficar puxando o saco das pessoas. E eu era honesta o suficiente pra achar que esse pensamento valia o espaço que ocupava nos meus pensamentos.
Não, nem adianta tentar lembrar quem é que começou com essa história de que a gente tem que ser original. Eu posso parar pra pensar em várias teorias, todas muito boas, mas que só me fariam perder o pouco tempo que eu não tenho antes de deixar fugir o lapso de lucidez de novo.
O espelho reflete não só os narcisos, e olhar pra si e adentro é ruim de se fazer voluntariamente... Tanto mais pra quem ouvindo na letra “mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente” se imaginava usando o espelho como um retrovisor! Às vezes é preciso colar pelo reflexo dos outros, e foi numa dessas olhadelas furtivas que eu finalmente vi o meu reflexo cru, e doloridamente banal.
Eu não existo como eu me imagino e não tenho nada além do que eu nem sei o que... nem verdades, nem amizades, nem falsidades... uma casca mal acabada e muita, muita, toneladas de pretensão.

10.2.05

TE AMO, FAL!!!

Tô escrevendo pra guardar pra mim mesma a homenagem mais linda que eu já recebi! Foi da Fal, e foi no meu aniversário, no meio do Carnaval!


-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A Silvia. Sil. Sealvia. Silvinha.
Ela ri, você ri junto.
Ela chora, você quer pegar no colo.
Ela fala, você acredita.
Ela sonha, você imagina.
Silvia.
Ela não sabe da própria força.
Ela não sabe da própria doçura.
A gente fala, ela ri. A gente insiste, ela desconversa.
Ela está lá. Em pé. Inacreditavelmente firme.
Vem sol, vem chuva, e ela lá.
Ela fraqueja, não cede.
A Silvia tem olhos de gata.
A Silvia é uma sereia.
Tá escuro? Ela canta.
Tá ventando? Ela insiste.
Na Silvia a anatomia ficou louca e ela é toda coração. (Maiakovski disse isso, devidamente roubado por mim)
E a força e o poder da sua verdade, da sua dor e do seu amor tornam meu amor e minha admiração por você tão profundos.
Silvia, não desejo um feliz aniversário, nem muitos anos, nem aquilo de sempre. Isso simplesmente virá. Desejo ardentemente, do fundo do meu coração, que sua força e o seu amor nunca a deixem, e que, ah, Deus, se possível que eles passem um pouquinho pra mim.

Poucas coisas nessa vida, poucas, muito poucas, me orgulham tanto quanto sua amizade.
Acho que falo por todas nós.

Fal

"I'll be seeing youIn all the old familiar placesThat this heart of mine embracesAll day through
(...)
I'll find you in the mornin' sunAnd when the night is newI'll be looking at the moonBut I'll be seeing you"
(I'll be seeing you, de Irving Kahal / Sammy Fain - 1938)

4.2.05

Uma Rifa Especial!

Se você ainda não conhece a Pipa e ainda não tá participando da Rifa, não precisa ficar com vergonha... mas também não perca mais nenhum minutinho!!!
Corre pra ver que bacana ;o)

3.2.05

Kuarup

Eu dormi uma noite longa e cansativa. Uma noite de dúvidas sobre mim mesma. Uma noite chuvosa onde só o barulho das gotas batendo no telhado ecoava na minha cabeça e dava o tom dos meus sonhos.
Eu dormi demais e parece que andei em círculos durante toda a noite, e me senti como se os meus olhos estivessem abertos por dentro, pra que eu só me enxergasse do avesso. Pra que eu tivesse o bastante de mim mesma no meu ângulo mais desfavorável...
Eu dormi de roupa mesmo, e com os pés sujos. Mas acordei!
E vou tomar o meu banho matinal!!!