15.9.05

Luva

enchantagem  


de tanto não fazer nada

acabo de ser culpado de tudo


esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos

suspeito

de ser verbo sem sujeito


pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário

custe o que custar
deseja
quem quer que seja

tem calendário de tristezas

celebrar


tanto evitar o inevitável

in vino veritas

me parece
verdade

o pau na vida

o vinagre
vinho suave

pense e te pareça

senão eu te invento por toda a eternidade



É dele, claro. E encaixa, uns dias mais apertada que outros.


Iris

Fui dormir com essa música ecoando na cabeça, mas me marcou principalmente

"Yeah you bleed just to know you're alive"

E realmente, eu muitas vezes vivo tão presa dos meus pensamentos e idéias que pareço não estar no meu corpo. Preciso de um chacoalhão, "sangrar" só pra saber se eu estou realmente viva ou se sou apenas um sonho.
Cair das nuvens e tocar o chão. Ou se esborrachar nele.
Nem sempre é suave, mas a areia sob os pés pode ser a um só tempo áspera e fofa.

9.9.05

A Ciranda

Entrei na roda pelas mãos das Fridas queridas e me encantei com a dança da minha xará e da doce Fefê e resolvi rodar também:

Ainda não aprendi a costurar, nem a bordar, nem tricotar, nem fuxicar. Sei fazer o crochezinho básico que a vovó me ensinou, adoro trabalhos manuais, pintura, desenho, mas só trabalho com as mãos de verdade no teclado e no mouse do computador. Aí eu até pinto e bordo! Não sei tocar nenhum instrumento, mas adoro ouvir música. Não sei cantar, mas canto no chuveiro assim mesmo. Quero aprender a fotografar pra parar de fotografar só com a mente. Ler e escrever são necessidades básicas da minha vida, desde sempre. Adoro tudo que é tecnologia, desde a roda até Ipods, respeitando a utilidade e o tempo de cada um. Cultuo diários, agendas e cadernos, não recebo cartas quase nunca, escrevo, mas acabo não postando e tenho certeza que fica um pouco da gente na letra e no papel. Amo. Pessoas, animais, árvores, lugares e épocas. Moro perto de água, não de mar, e um dia ainda quero morar, mas saboreio o meu ambiente, por inteiro. Tenho alma de magra em corpo obeso. Boa de garfo, nem tanto no fogão. Sou tolerante, menos com quem não é. Pago mais do que devo, mas continuo devendo. Tenho prazer em presentear e surpreender e preciso receber pelo menos um sorriso em troca, pra não doer. Sei chorar, mas não sei pedir. Não gosto de cobrar nem de cobranças, simplesmente aceito o que me é oferecido, o que muitas vezes é problemático. Só mordo quem eu amo muito. Nem sempre termino o que começo, então já tô feliz de terminar esse post!

Linha do tempo

"Mas, mamãe, eu não quero ser diferente. Só quero ser igual a todo mundo!" (5 anos)

"Todo mundo é muito igual. Eu quero ser diferente." (13 anos)

Você é igual a todo mundo, só quer ser diferente...

8.9.05

Post its

Rir. Mudar a dimensão das coisas. Tornar um problema menor e uma felicidade maior. Rir de mim mesma, e não fugir. Não fugir. Não pensar em cabelos que crescem ao toque dos dedos, em bocas que se enchem automaticamente de creme de chantilly mágico, em mãos que acariciam toda a paisagem, da maciez da rural à aspereza da urbana, na dança maluca que a vida tem ao som da sua própria trilha. Não dormir pra fugir. Dormir pra dormir. Não dormir só pra sonhar. Não sonhar só com abraços de Judas, nem com cobras e aranhas. Não sonhar com afogamento, nem afogamento em pilhas de contas. Não sonhar mais que viver.