"Canção da Manhã
O amor te põe pra funcionar, relógio de ouro puro.
A parteira surra suas nádegas, e seu grito nu
Se aninha entre os elementos.
Nossas vozes ecoam, louvando sua vinda. Estátua nova.
Num museu arejado, sua nudez
Ameaça nossa segurança. Ficamos rodeando, brancos como paredes.
Não sou mais sua mãe
Do que a nuvem que desfaz o espelho que a reflete,
Rabisco lento na mão do vento.
Vacila entre rosas lisas. Acordo para ouvir:
Longe, um mar movendo em meus ouvidos.
Um grito, e escorrego da cama, vaca obesa e floral
Em minha camisola vitoriana,
Sua boca se abre, limpa como a de um gato. A vidraça
Empalidece e suga estrelas sujas. E agora você confere
Suas anotações;
Vogais claras sobem feito balões."
Sylvia Plath, no "Sylvia Plath Poemas", Iluminuras, com tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, cortesia da colega Silvia Paula.
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