A Semana da Amamentação está chegando ao fim e depois de ler em silêncio muitos depoimentos emocionantes e passar a semana recordando cenas e refazendo conexões que me fizeram viajar no tempo e reviver pensamentos e sensações, resolvi escrever a respeito.
Não consigo me lembrar de um tempo em que eu não achasse óbvio e natural que mães amamentassem seus bebês, apesar da velha mamadeira de vidro com a marca Ninho ter durado tanto tempo na prateleira da casa materna. Talvez essa certeza se deva à memória do nascimento da mAninha, das vezes em que assisti cenas da nossa mãe tirando leite com a bombinha antes de sair para os plantões noturnos. Se ela se esforçava tanto, mesmo tendo que sair para trabalhar, é porque era muito importante para minha irmãzinha tomar seu leite.
Quando engravidei pela primeira vez, tive uma conselheira muito importante: a mãe do meu marido (que não gostaria que eu escrevesse sogra aqui), que amamentou os dois filhos por mais de dois anos e que foi a mais jovem vítima de câncer de mama que eu já conheci, aos vinte e quatro anos. Minha gravidez e os primeiros meses da amamentação foram acompanhados de perto por ela, que depois de vinte anos, sucumbiu ao mesmo mal. Seu legado foi este: meses de conversas e confidências, conselhos valorosos e muitas dicas que me ajudaram a ter a confiança que eu precisava para amamentar minha filha com tranqüilidade. Em tempos em que todas as amigas estavam vivendo uma realidade oposta, e com raros bebês próximos, até mesmo na família, ela foi a fonte de experiência e de carinho onde eu matei a minha sede.
E se eu dissesse que foi fácil, mesmo com toda essa assistência, eu estaria renegando o começo, a adaptação, o bico do seio direito rachado e que vazava toda vez que a pequena mamava no esquerdo, os copos que eu colocava embaixo pra não perder uma gota, as primeiras noites em claro e a exaustão da entrega à livre demanda.
Ter insistido me fez mais autoconfiante, me fez acreditar que os momentos de sintonia e de carinho com minha filha fizeram todas as dificuldades menores e alicerces da nossa boa relação de hoje. Seus olhares ternos, suas mãozinhas acariciando meu peito e se enroscando em meus cabelos são sensações arquivadas no coração como as melhores que já conheci na vida.
Surpreendemente para mim, foi descobrir que com o segundo e com a terceira filha a fórmula não estava escrita. Foram três experiências distintas e muito enriquecedoras, cada uma com suas dificuldades e seus prazeres.
Da experiência com o segundo filho, aprendi o valor do apoio e encorajamento às mulheres logo após o parto, ensinando como é a pega correta e que cada bebê tem seu “estilo” de mamar, e da terceira, graças à existência da internet e de pessoas como a Denise, a Mirka, a Ingrid, as Motherns e tantas outras, como é importante conhecer outras mães e outras realidades.
Ao ler tantos depoimentos e toda a informação sobre amamentação que circula na rede, me encho de esperança de que, sendo compartilhada não só aqui, mas fora, contribua para que o mundo seja mais bem alimentado. Principalmente com amor e tolerância.
4 comentários:
Que emoção, minha querida..
Se você soubesse como "apanhei" pra te alimentar com meu leite..e da frustração de ter que usar aquela garrafinha de vidro..
Agora te lendo, sei que o pouco tempo de têta ainda foi suficiente para te suprir de outro elemento básico: AMOR..que você sabe muito bem transmitir em tudo que faz.
Que lindo post! Beijinhos
Oi Silvia!
nasci antes da hora e minha mãe não teve leite. fiz questão de amamentar meu filho até que fizesse um ano.
ot; mandei hoje de novo, desculpe a confusão. o código é IE 113188440114.
Faltava você contar. Adorei, especialmente o copo debaixo pra não desperdiçar uma gota, que imagem marcante...
Beijos
Lindo, Seal, como vc!
Adorei o comentário da sua mãe, um doce :o)
Beijos,
Simone
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