6.8.06

Amamentação

A Semana da Amamentação está chegando ao fim e depois de ler em silêncio muitos depoimentos emocionantes e passar a semana recordando cenas e refazendo conexões que me fizeram viajar no tempo e reviver pensamentos e sensações, resolvi escrever a respeito.

Não consigo me lembrar de um tempo em que eu não achasse óbvio e natural que mães amamentassem seus bebês, apesar da velha mamadeira de vidro com a marca Ninho ter durado tanto tempo na prateleira da casa materna. Talvez essa certeza se deva à memória do nascimento da mAninha, das vezes em que assisti cenas da nossa mãe tirando leite com a bombinha antes de sair para os plantões noturnos. Se ela se esforçava tanto, mesmo tendo que sair para trabalhar, é porque era muito importante para minha irmãzinha tomar seu leite.

Quando engravidei pela primeira vez, tive uma conselheira muito importante: a mãe do meu marido (que não gostaria que eu escrevesse sogra aqui), que amamentou os dois filhos por mais de dois anos e que foi a mais jovem vítima de câncer de mama que eu já conheci, aos vinte e quatro anos. Minha gravidez e os primeiros meses da amamentação foram acompanhados de perto por ela, que depois de vinte anos, sucumbiu ao mesmo mal. Seu legado foi este: meses de conversas e confidências, conselhos valorosos e muitas dicas que me ajudaram a ter a confiança que eu precisava para amamentar minha filha com tranqüilidade. Em tempos em que todas as amigas estavam vivendo uma realidade oposta, e com raros bebês próximos, até mesmo na família, ela foi a fonte de experiência e de carinho onde eu matei a minha sede.

E se eu dissesse que foi fácil, mesmo com toda essa assistência, eu estaria renegando o começo, a adaptação, o bico do seio direito rachado e que vazava toda vez que a pequena mamava no esquerdo, os copos que eu colocava embaixo pra não perder uma gota, as primeiras noites em claro e a exaustão da entrega à livre demanda.

Ter insistido me fez mais autoconfiante, me fez acreditar que os momentos de sintonia e de carinho com minha filha fizeram todas as dificuldades menores e alicerces da nossa boa relação de hoje. Seus olhares ternos, suas mãozinhas acariciando meu peito e se enroscando em meus cabelos são sensações arquivadas no coração como as melhores que já conheci na vida.

Surpreendemente para mim, foi descobrir que com o segundo e com a terceira filha a fórmula não estava escrita. Foram três experiências distintas e muito enriquecedoras, cada uma com suas dificuldades e seus prazeres.

Da experiência com o segundo filho, aprendi o valor do apoio e encorajamento às mulheres logo após o parto, ensinando como é a pega correta e que cada bebê tem seu “estilo” de mamar, e da terceira, graças à existência da internet e de pessoas como a Denise, a Mirka, a Ingrid, as Motherns e tantas outras, como é importante conhecer outras mães e outras realidades.

Ao ler tantos depoimentos e toda a informação sobre amamentação que circula na rede, me encho de esperança de que, sendo compartilhada não só aqui, mas fora, contribua para que o mundo seja mais bem alimentado. Principalmente com amor e tolerância.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que emoção, minha querida..
Se você soubesse como "apanhei" pra te alimentar com meu leite..e da frustração de ter que usar aquela garrafinha de vidro..
Agora te lendo, sei que o pouco tempo de têta ainda foi suficiente para te suprir de outro elemento básico: AMOR..que você sabe muito bem transmitir em tudo que faz.
Que lindo post! Beijinhos

leila disse...

Oi Silvia!
nasci antes da hora e minha mãe não teve leite. fiz questão de amamentar meu filho até que fizesse um ano.

ot; mandei hoje de novo, desculpe a confusão. o código é IE 113188440114.

Anônimo disse...

Faltava você contar. Adorei, especialmente o copo debaixo pra não desperdiçar uma gota, que imagem marcante...
Beijos

Anônimo disse...

Lindo, Seal, como vc!
Adorei o comentário da sua mãe, um doce :o)
Beijos,

Simone