5.10.04

Máquina do Tempo

Conhecia muitas formas de visitar o passado, mas me esquecia que muitas vezes é o passado que nos visita. E quando a gente está ali, mais agarrada que nunca ao presente, é que ele vem e cai no colo, entra pelas narinas, toca no sino do ouvido e badala o coração.

Como ontem...

Caixa preta, caixa do tempo, caixa vermelha, coração onde cada pedacinho da minha história, até aqueles que eu finjo que lembro ou com esforço esqueço, foram sendo com carinho depositados. Uma a uma as fotos cruzavam o Atlântico. Dentro de envelopes pardos, brancos, decorados, “em mãos” ora amorosas ora amaras, presenteadas ou surrupiadas elas formavam uma colagem, a minha linha do tempo pelos olhos dela. Uma coleção que eu não conhecia e que não queria conhecer. Não agora. Não como foi...

Elas cruzaram de volta o Atlântico juntas e voltaram às minhas mãos, e eu chorei vendo o sorriso banguela, as pernas tortas e o cabelo quase branco de tão loiro, o sorriso sapeca, a longa cabeleira de Rapunzel que eu havia renegado...

Tudo assim, de uma vez... e o que é pior: sem ela...

Um comentário:

Giu! disse...

Ah, Seal, como vc é talentosa. Sensibilidade se aplica em todos os aspectos, não tem jeito, né? Imagina que seus textos não sairiam assim! ;)
Beijoca.