Poente

"mas nada desbota tão rápido como o futuro
e nada prende tanto como o passado, até que possamos ver
mais que isso"

A sensação é de fim de tarde. O dia foi bom e alegre, houve muito sol, alguma chuva, um longo almoço que trouxe um sono leve na rede. Mas acabou. Como todos os dias, como todas as estações. A noite chega e fingimos desaviso apesar das primeiras estrelas, e então aparece atrás do umbigo, o desamparo. E ele tem mãos pesadas que atravessam as costas e empurram os ombros para baixo, ao próprio colo em busca de algum conforto. E assim ficamos até que tenhamos parido nosso próprio novo dia.